sábado, 19 de dezembro de 2009

O Natal de Corvelo de Sousa




O presidente da Câmara de Tomar teve um Natal com neve até aos seis anos, na Serra de Leomil.

De todas as prendas de Natal que recebeu Corvelo de Sousa, 62 anos, actual presidente da Câmara Municipal de Tomar, elege uma caneta “de qualidade” que a mãe lhe ofereceu há vinte anos. É com esta – e tira-a do interior do casaco para a mostrar - que ainda assina os inúmeros despachos e documentos no exercício das suas funções. “É uma caneta que acho bonita e que a minha mãe sabia de que eu gostava porque perguntou à minha mulher. Ainda hoje tem a sua utilidade”, aponta.

Casado mas sem filhos, o Natal para Corvelo de Sousa é, sobretudo, uma paragem de calendário que aproveita para o reencontro com a família e amigos. “É interessante juntarmo-nos com um grupo mais alargado no Natal”, aponta. Costuma passar a noite de Natal no aconchego do lar. Janta e passa o serão com a família. Em seguida abrem os presentes e, pouco depois da meia-noite, termina a festa. “Não temos tido o hábito de ir à missa da meia-noite mas é uma coisa que eventualmente vou retomar”, revelou o presidente da Câmara Municipal de Tomar numa conversa que decorreu no seu gabinete de trabalho.

O frio que se faz sentir nesta altura leva-o a ficar à lareira, aproveitando a pausa para ler. O autarca não liga muito à ementa natalícia nem faz questão de comer o bacalhau com todos ou o peru assado. Mas há algo que não falta em cima da mesa e que até ajuda a confeccionar acompanhando o momento da cozedura: as fatias de Tomar.

A árvore de Natal que tem em casa consiste numa pernada (ramo) de um pinheiro que sobrou de uma operação de limpeza e confessa que “não se mete” na decoração, preferindo deixar essa missão para a esposa. As prendas são compradas em cima da hora mas tenta saber o que as pessoas querem para comprar coisas adequadas ao gosto das pessoas, tentando surpreender os outros.

Corvelo de Sousa viveu até aos seis anos na Serra de Leomil, Moimenta da Beira, e diz que nunca acreditou no Pai Natal. “O pai natal era uma realidade que quando era pequeno não era muito palpável, não é como hoje. Havia o menino Jesus e os Reis Magos e é isso que contava”, admite confessando que ainda hoje faz o presépio lá em casa. Nunca foi uma criança de pedir brinquedos e preferia ser surpreendido no momento em que desembrulhava o seu presente. Dos Natais passados na serra recorda sobretudo “que tinha muita neve” e de um frio que não tem a ver com o Natal. “Com nove graus negativos íamos todos à missa do galo”, lembra. O autarca veio viver para Tomar quando entrou na segunda classe.

No dia 25 de Dezembro, Corvelo de Sousa não trabalha mas diz que o telemóvel não pára de tocar. O ano passado perdeu a conta ao número de mensagens de Natal - “mais de cem de certeza” - e faz questão de responder, também por escrito, às mensagens que recebe. Gosta das iluminações de natal mas não fica mais emotivo nesta época. “O Natal dentro do ano litúrgico é um momento muito sensível e ligado à família mas não me deixa, de todo, nostálgico”, aponta. Até porque subscreve o ditado popular: “O Natal é sempre que um homem quiser”.

Alunos de de Fotografia acampam em protesto no IPT

Para o presidente do Instituto Politécnico de Tomar a acção não tem uma base justificativa.

Cerca de 20 tendas de campismo estão montadas no átrio principal do Campus do Instituto Politécnico de Tomar desde as oito da manhã da última segunda-feira, 14 de Dezembro. Os alunos da licenciatura em Fotografia da Escola Superior de Tecnologia (ESTT) reivindicam mais materiais e infra-estruturas através de um protesto “silencioso, pacífico e ordeiro” mas que dá nas vistas uma vez que foi montado um autêntico acampamento em frente departamento do curso. “Um flash para 129 alunos. Mais Investimento. Melhor Educação” é uma das frases de ordem numa faixa pintada. No entendimento dos cerca de 90 alunos que aderiram ao protesto e por isso estão em greve às aulas, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior deveria atribuir verbas extra no sentido de ser adquirido mais material de modo a assegurar o bom e normal funcionamento das aulas.

Mas para o presidente do Instituto Politécnico de Tomar, Pires da Silva, esta acção de protesto não tem “justicação nenhuma” até porque as aulas têm decorrido com absoluta normalidade e sem qualquer congelamento das actividades. “Não entendo a posição dos alunos até porque avançaram para o protesto sem me avisarem. Soube desta acção através do comunicado que me foi enviado pela Polícia”, disse a O MIRANTE garantindo que “o IPT tem feito tudo o que pode pelo curso de Fotografia”. Pires da Silva critica a atitude dos alunos que participam no protesto, uma vez que considera que estes deveriam tentar resolver os seus problemas com diálogo e não com manifestações. “O apoio que tenho é para dividir pelos 23 cursos do Instituto Politécnico de Tomar e não apenas por um”, salienta. Mesmo reconhecendo que com este protesto, os alunos não queiram atingir directamente o instituto que dirige, Pires da Silva considera que este tipo de acção acaba sempre por destabilizar o ambiente na instituição de ensino.

Entretanto, os alunos encontram-se a preparar um abaixo-assinado onde constam todas as suas reivindicações e pretendem ainda que a direcção do IPT pressione o Ministério de Educação no sentido de garantir as mais verbas para “o único curso superior público de fotografia do país”.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Idosos de Tancos vão ao médico em carrinha da junta



Idosos são transportados e acompanhados ao médico, gratuitamente, numa carrinha de cinco lugares comprada pela Junta de freguesia. Podem ainda pedir ajuda para que lhes paguem as facturas da água, luz, telefone ou gás.


Desde 1 de Junho que a população mais velha de Tancos, Vila Nova da Barquinha, conta com uma ajuda preciosa: a Junta de Freguesia, liderada por Manuel Pequito Cardoso (PS), assegura o transporte, gratuito, a pessoas com mais de 60 anos que necessitam de ir ao médico e têm mais dificuldades nessa deslocação ou de pagar, por exemplo, facturas de água, telefone, luz ou gás. Nesta última situação, se o utente não quiser sair de casa, entrega a factura com o dinheiro e pode ficar descansado que a funcionária da junta, Natália Sofia Santos, 30 anos, dá conta do recado. A carrinha só não serve para levar os idosos às compras ao supermercado.


Na freguesia de Tancos residem cerca de 450 pessoas e mais de metade tem idade superior a 65 anos. “Foi a melhor coisa de que o senhor presidente da junta se podia ter lembrado” contou ao nosso jornal Hortênsia da Conceição Lopes, 69 anos, que já utilizou os serviços da carrinha por cinco vezes, três das quais para ir ao médico. Antes, esta habitante costumava percorrer cerca de 3,5 quilómetros a pé até Vila Nova de Barquinha, enchia-se de coragem e era pelo próprio pé que também regressava.


A funcionária da Junta visita todos os idosos duas vezes por semana para relacionar as suas necessidades. O objectivo, segundo Manuel Cardoso, é tão só ajudar todos, independentemente da sua situação socioeconómica, os que não tem transporte ou familiares por perto que os apoiem nesse sentido. Para tal, a Junta de freguesia adquiriu, sem qualquer comparticipação, uma carrinha (em segunda mão e com 30 mil quilómetros) de cinco lugares, no valor de 12 mil e 300 euros.


A ideia surgiu em meados de Maio, após uma reunião que envolveu a Câmara de Vila Nova da Barquinha, Juntas de Freguesia, representante da Segurança Social e da Santa Casa Misericórdia, que se juntaram para delinear um projecto de apoio a idosos. “Saímos de lá com uma mão cheia de nada. Mais tarde, em conjunto com o meu tesoureiro, tivemos esta ideia uma vez que andámos a auscultar a necessidade das pessoas”, explica o autarca a O MIRANTE.


Manuel Cardoso fez um pedido ao Centro de Emprego no sentido de lhe enviarem uma pessoa, “com carta de condução”, para que fosse possível dar seguimento ao projecto que também apresentou a esta instituição. A escolhida foi Natália Sofia Santos, que o autarca considera ser a pessoa com o perfil certo para exercer este tipo de funções. Cabe, portanto, ao Centro de Emprego pagar o vencimento desta funcionária, suportando a Junta de Freguesia apenas uma percentagem (20%) do seu vencimento, o seguro contra acidentes pessoais e subsídio de alimentação. “De outro modo não poderíamos implantar isto uma vez que representava uma despesa de 10 mil euros por ano”, considera o autarca.

“Alguns idosos choram de alegria. Estão contentes e ficam admirados de não pagar nada”, conta Manuel Cardoso, que preside os destinos da Junta há 12 anos consecutivos. O autarca anuncia que o próximo projecto passa por transformar o antigo edifício da escola primária num centro de convívio para idosos e, simultaneamente, albergue da juventude para acolher grupos de jovens que venham visitar a região.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Multinacional em Riachos manda 42 trabalhadores para o desemprego



Intenção foi comunicada na terça-feira, 24 de Novembro e, segundo a administração da Univeg, prende-se com o aumento da concorrência.

A administração da Univeg, uma multinacional de transformação e distribuição de produtos alimentares com sede em Riachos, Torres Novas, confirmou a intenção de despedir 42 pessoas, a maioria mulheres, dos 154 trabalhadores, que trabalhavam na “4ª Gama e de Embalamento e distribuição de frutas e legumes frescos”. O anúncio foi feito na última terça-feira, 24 de Novembro, data em que, segundo o apurado por O MIRANTE, administração, trabalhadores e um representante do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio estiveram reunidos no sentido de negociar as condições de saída dos trabalhadores.

A Univeg pertence a um grupo multinacional com sede na Bélgica que produz e comercializa produtos como sopas e saladas lavadas e prontas a consumir. A medida é justificada com base no aumento da concorrência. “Recentemente, as condições de mercado deterioraram-se, quer pelo aumento da concorrência quer pela alteração da estratégia de compra dos seus maiores clientes”, apontam num comunicado enviado a O MIRANTE na tarde de terça-feira.

O mesmo documento atesta que, apesar dos esforços desenvolvidos pela administração e trabalhadores no sentido de melhorar os resultados, através do controlo de custos, do desenvolvimento de novos produtos e da procura de novos mercados, “a rentabilidade da produção está de tal forma ameaçada, que a Administração da Univeg Portugal não tem outra alternativa”. A restante actividade, ou seja, a prestação de serviços de Logística (Frescos, Congelados e Peixe Fresco), em conjunto com a importação directa e a Exportação de produtos Portugueses, continuam a sua laboração normal. De acordo com a administração, o processo de encerramento será faseado gradualmente durante os próximos meses.

Em comunicado, o PCP de Torres Novas lamenta o despedimento colectivo, medida que consideram que vem agravar a situação social no concelho sendo legítimas as dúvidas quanto ao futuro da própria UNIVEG e portanto, dos restantes trabalhadores. “A situação da Univeg vem juntar-se a outras situações de empresas com graves dificuldades económicas no concelho, nomeadamente na Companhia de Torres Novas Fiação e Tecidos”, sublinham os comunistas torrejanos.

Receberam factura de 3.300 euros de água para pagar e não sabem onde a gastaram



Família carenciada vive do rendimento mínimo e corre o risco de ficar sem água por não poder pagar.

Uma família carenciada residente no Bairro do Património dos Pobres, em Marmelais, Tomar, recebeu uma factura de água no valor de 3.299,89 euros no passado mês de Setembro. Posteriormente, recebeu outra factura no valor de 192,37 euros, acompanhada com um aviso de corte no fornecimento com data de 19 de Novembro. Na tarde da passada segunda-feira, a família visada preparava-se para responder para suspender o corte.

A família, que habita nesta casa há 11 anos, não compreende o valor astronómico da factura. “Só uso água para fazer comida, tomar banho e lavar a roupa”, explicou a O MIRANTE Paula Gândara, que vive na casa com o companheiro e três filhos menores de 9, 14 e 16 anos. “Não posso tirar o comer da boca dos meus filhos para pagar uma coisa destas”, atesta, desesperada com a eventualidade do corte de água. Depois de ter recebido a factura, Paula Gândara contratou um técnico particular mas este não encontrou nenhuma anomalia no contador nem quaisquer indícios de rotura de canos de água. A munícipe não tem por hábito registar as leituras de contador mas desde que recebeu esta factura já fez este registo por três vezes e os mesmos não fogem ao consumo normal.

Na reunião de Câmara de Tomar, os vereadores do grupo “Independentes por Tomar” alertaram o executivo para este caso social. Recomendaram a intervenção directa do presidente da Câmara no problema e pediram a revogação imediata da decisão de interrupção do fornecimento de água à família e uma intervenção técnica dos SMAS para apurar o que deu causa a tão estranha facturação. “É evidente que tal facturação não pode corresponder ao consumo de água efectuado por esta família, pelo que, se torna inadmissível que tenham sido recentemente notificados do corte do fornecimento de água em 19 de Novembro, caso não paguem a factura”, ressalvam os vereadores.

O MIRANTE contactou com Luís Vicente, presidente do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento (SMAS) de Tomar que explicou que, neste caso particular, ainda não foi confirmada a existência de uma rotura de água que possibilite uma redução da tarifa. “Os serviços vão ter que verificar a situação e cabe à administração que decide o que fazer nestes casos”, apontou o responsável. Luís Vicente aconselhou a família visada a fazer uma exposição ao SMAS, com base na carta de aviso de corte recebida, de modo a que os serviços consigam averiguar o que realmente aconteceu. “Quando há roturas confirmadas os consumidores pagam os escalões mais baixos. Há formas de ajudar os consumidores que tiveram este tipo de acidente. A família não pode ser penalizada por um consumo que não fez”, atesta.