quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Receberam factura de 3.300 euros de água para pagar e não sabem onde a gastaram



Família carenciada vive do rendimento mínimo e corre o risco de ficar sem água por não poder pagar.

Uma família carenciada residente no Bairro do Património dos Pobres, em Marmelais, Tomar, recebeu uma factura de água no valor de 3.299,89 euros no passado mês de Setembro. Posteriormente, recebeu outra factura no valor de 192,37 euros, acompanhada com um aviso de corte no fornecimento com data de 19 de Novembro. Na tarde da passada segunda-feira, a família visada preparava-se para responder para suspender o corte.

A família, que habita nesta casa há 11 anos, não compreende o valor astronómico da factura. “Só uso água para fazer comida, tomar banho e lavar a roupa”, explicou a O MIRANTE Paula Gândara, que vive na casa com o companheiro e três filhos menores de 9, 14 e 16 anos. “Não posso tirar o comer da boca dos meus filhos para pagar uma coisa destas”, atesta, desesperada com a eventualidade do corte de água. Depois de ter recebido a factura, Paula Gândara contratou um técnico particular mas este não encontrou nenhuma anomalia no contador nem quaisquer indícios de rotura de canos de água. A munícipe não tem por hábito registar as leituras de contador mas desde que recebeu esta factura já fez este registo por três vezes e os mesmos não fogem ao consumo normal.

Na reunião de Câmara de Tomar, os vereadores do grupo “Independentes por Tomar” alertaram o executivo para este caso social. Recomendaram a intervenção directa do presidente da Câmara no problema e pediram a revogação imediata da decisão de interrupção do fornecimento de água à família e uma intervenção técnica dos SMAS para apurar o que deu causa a tão estranha facturação. “É evidente que tal facturação não pode corresponder ao consumo de água efectuado por esta família, pelo que, se torna inadmissível que tenham sido recentemente notificados do corte do fornecimento de água em 19 de Novembro, caso não paguem a factura”, ressalvam os vereadores.

O MIRANTE contactou com Luís Vicente, presidente do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento (SMAS) de Tomar que explicou que, neste caso particular, ainda não foi confirmada a existência de uma rotura de água que possibilite uma redução da tarifa. “Os serviços vão ter que verificar a situação e cabe à administração que decide o que fazer nestes casos”, apontou o responsável. Luís Vicente aconselhou a família visada a fazer uma exposição ao SMAS, com base na carta de aviso de corte recebida, de modo a que os serviços consigam averiguar o que realmente aconteceu. “Quando há roturas confirmadas os consumidores pagam os escalões mais baixos. Há formas de ajudar os consumidores que tiveram este tipo de acidente. A família não pode ser penalizada por um consumo que não fez”, atesta.

Nenhum comentário: