quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

IC3 prejudica vendedores ambulantes



O IC3 não foi bom para todos. Que o digam os vendedores ambulantes de fruta e legumes localizados na EN110 que viram muitos dos clientes “fugir” pela via rápida.


Inaugurado com pompa e circunstância a 22 de Novembro, há um outro lado para contar sobre o IC3. O lado dos vendedores ambulantes da EN110 que viram muitos dos seus clientes “fugir” desde que foi inaugurada a via rápida, mesmo ali ao lado e, de dia para dia, sentem as vendas a diminuir.
“Sente-se que o IC3 ‘quebrou’ um bocado o negócio. Antigamente passavam aqui mais carros e sempre iam parando. Embora eu ache que as pessoas que estavam habituadas a vir aqui vêm na mesma”, diz ao nosso jornal a vendedora, Elvira Garcia, de 46 anos, que tem uma banca de fruta e legumes há mais de cinco anos, situada perto da rotunda do Manjar dos Templários. “Quem vinha para Lisboa passava por aqui porque não tinha alternativa mas agora vão sempre em frente. Sinto que passam menos de metade dos carros que passavam, especialmente os pesados”, aponta ao nosso jornal.
“A crise não é só aqui, é por todo o lado. Isto já quebrou muito na altura do euro e desde aí não melhorou. Só que a gente vá ganhando durante o dia para comer à noite já é bom”, remata a vendedora que, apesar de tudo, se mostra uma pessoa positiva e bem-disposta.
Elvira Garcia espera agora pela época da cereja e do melão, a partir de Maio, para verificar os verdadeiros efeitos do IC3 no negócio ao qual se dedicou toda a vida: “No Inverno o negócio cai sempre um bocado mas, quando for a época da cereja ou do melão, é que eu vou ver como isto está. Outra diferença que noto é que antes vendia-se mais ao fim-de-semana do que de semana e agora não… tenho dias de semana que vendo mais”, esclarece.
Sem um único cliente, uns metros à frente, seguindo a direcção de Carvalhos de Figueiredo, numa outra banca, fomos encontrar um casal de vendedores ambulantes que ali está há 16 anos e que também sentiram o efeito do IC3 nas suas vendas. “Isto não está mau, está péssimo”, desabafam. “Há menos trânsito, há menos carros, logo há menos gente. Agora são os clientes mais certos é que continuam a vir”, referem ao nosso jornal, acrescentando que o facto de estarmos na época de chuva também não ajuda. “Há mais de 30 anos que já se falava no IC3, já contávamos com isto. Mas o negócio está mau não é por isso mas sim por causa da crise e da falta de dinheiro. As pessoas comem arroz e massa e não comem fruta. Não há ninguém que tenha um negócio que não se queixe”, apontam em uníssono, enquanto esperam por “melhores dias”.

(publicado no jornal O Templário 10/01/2007)

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