sexta-feira, 24 de julho de 2009

Preparativos de um casamento nos anos 40 numa aldeia de Tomar

Relato dos preparativos de um casamento de antigamente celebrado na aldeia de Vila Nova, na freguesia de Paialvo.

No livro “Vila Nova, sua história, a nossa gente”, publicado em Janeiro de 2007 pela Sociedade Instrutiva, Recreativa e Desportiva Vilanovense, encontramos o relato dos preparativos de um casamento na aldeia de Vila Nova, freguesia de Paialvo, nos anos 40.

Conta a narrativa que, após os namorados acordarem entre si que queriam casar transmitiam esta novidade aos pais. Em seguida acertavam a data e os pais dos noivos ajustavam entre si como seria feita a boda. Neste caso, se a despesa era em conjunto ou se cada um organizava uma refeição. Optava-se quase sempre pela primeira opção. O vestido da noiva era comprado a metro e costurado pela própria ou pela costureira mais prendada da terra. As jóias utilizadas eram as de família. O noivo vestia um fato simples e gravata.

“Falava-se” a uma cozinheira e escolhia-se o que entrava na confecção das refeições. Canja de galinha, borrego com batatas e alguns coelhos, vinho, licor, queijo de ovelha ou cabra, arroz doce e bolos de massa eram as iguarias que, normalmente, faziam parte da lista da boda. Tudo com a prata da casa.

Nos dias que antecediam ao casamento, os rapazes e raparigas, amigos dos noivos, eram “convocados” para ajudarem a montar o local da boda. Eles iam buscar bancos, cadeiras e mesas, na maioria das vezes emprestados pelos vizinhos. Elas iam buscar loiça e talheres emprestados, ajudavam na cozinha.

Na véspera do casamento, era feita a “visita” aos convidados e padrinhos. A tradição, que se perdeu ao longo dos anos, consistia em oferecer aos convidados um prato de arroz doce e um bolo. Aos padrinhos era levada uma travessa de arroz doce, dois bolos de massa e uma garrafa de licor, a aguardente da melhor qualidade dos alambiques da terra, aroma de anis comprado na farmácia ou então cascas de tangerina colocadas semanas antes na aguardente.

No dia do casamento, os convidados e padrinhos apresentavam-se bem cedo em casa de quem os convidou. Ali era servido um licor, pires de arroz doce e uma fatia de bolo. Seguidamente, os noivos seguiam de charret ou de carroça, até Carrazede, onde se localizava a igreja. Os convidados seguiam a pé.

Após a cerimónia do matrimónio regressava-se ao local da boda, onde se comia e bebia. A festa terminava à noite com um baile. No outro dia a vida voltava ao normal, ou seja, ao que era trabalhar de sol a sol.

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