sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Artesão de moinhos de pedra em Moreiras Grandes



Quando se passa na estrada principal de Moreiras Grandes, no concelho de Torres Novas, torna-se quase impossível não reparar nos vários moinhos de vento, forrados a pedra lascada, que se encontram espalhados pelo jardim da casa de Eurico Brito, de 65 anos. O jeito para os trabalhos manuais sempre o teve. Não tivesse sido a sua profissão a de serralheiro cirúrgico, fabricando as peças que normalmente os médicos utilizam nas cirurgias. Por isso, o moinho que segura nas mãos é quase uma réplica perfeita dos originais que costuma observar pelos lados de Caldas da Rainha, terra onde nasceu. Há 30 anos, o coração levou-o a escolher viver nas proximidades de Torres Novas. Quando deixou de trabalhar, há cerca de cinco anos, a memória serviu de inspiração para começar a desenvolver esta peculiar forma de arte popular. O primeiro moinho que fez, de grandes dimensões, não o vende a ninguém. Diz que “está muito aldrabado”. Desde então, tem vindo a aperfeiçoar o trabalho e diz que já perdeu a conta aos que vendeu. A fórmula saiu da sua imaginação:“Bidons” de 200 litros servem de molde aos moinhos de grandes dimensões. Para os mais pequenos utiliza, por exemplo, as vulgares latas de leite condensado. Por fora aplica duas camadas de rede. Depois coloca uma massa, composta por brita, areia e cimento. As pedras são compradas numa pedreira e os pedaços são cortados consoante a dimensão do moinho em que se encontra a trabalhar. Um funil de lata, moldado pelas suas mãos, serve de telhado e um peso improvisado em cimento segura a vela, feita de material plástico que é mais resistente uma vez que, normalmente, estas peças servem para decorar espaços exteriores, como jardins ou varandas. Um regulamento engenhado com esferas faz mover a vela de forma natural com o vento. Eurico Brito faz os moinhos por encomenda e os preços variam entre os 50 e 250 euros. “Se pudesse ficava com todos para mim uma vez que aqui estão muitas horas de trabalho”, confessa o artesão orgulhoso na sua arte.

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