segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Banda da Carregueira recupera instrumentos penhorados e leiloados
Foi uma grande tempestade que enfrentámos mas conseguimos aguentar o barco". As palavras saem embargadas pela comoção. Quem assim fala é Anabela da Luísa, 50 anos, actual presidente de uma comissão administrativa que actualmente gere a Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense "Victória", na Carregueira, concelho da Chamusca.
A tocar na banda desde os 10 anos de idade, Anabela da Luísa começou por tocar clarinete e desde 1985 saxofone. Foi aí que conheceu o seu marido, Armindo, que toca trompete. Os três filhos também tocam na casa. Por isso, não é exagero dizer que, no Verão de 2010, viveu um dos momentos mais dolorosos da sua vida quando alguns instrumentos foram penhorados, tal como todo o recheio da sede, na sequência do processo de insolvência da AVUCA - Associação para o Desenvolvimento Sócio-Cultural e Desportivo Victória Unidos que, entre 1998 e 2010 agregou algumas colectividades da freguesia tais como a Sociedade Filarmónica Victória, a Sociedade Musical Os Unidos, Rancho Folclórico Os Camponeses e a Associação de Jovens Nova Era.
Problemas relacionados com a má gestão de uma empresa de inserção profissional formada no seu seio (não conseguiram assegurar a criação de um posto de trabalho ao fim de sete anos de exercício) levaram a que o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) lhes exigisse a devolução de mais de 300 mil euros, explica José Lopes, que era presidente da AVUCA e agora é presidente da assembleia da comissão administrativa da banda.
Como a associação não tinha património nem meios para pagar, foi-lhe decretada insolvência em Agosto de 2010. Seguiu-se a venda de todo o recheio da sede da AVUCA (instrumentos musicais de percussão, mobiliário, computadores, balcões frigoríficos, aparelhagens, cadeiras, entre outros objectos), edifício que ficou a salvo porque foi comprado em 2004 pela banda, aquisição facilitada pela Câmara Municipal da Chamusca. Os instrumentos foram penhorados porque a Filarmónica não tinha elementos que justificassem que estes lhes pertenciam.
Confrontados com a situação, os elementos da banda, actualmente composta por 40 músicos dos 7 aos 57 anos (todos voluntários), decidiram, após um ensaio, que a Filarmónica era para continuar pelo que não tinham outra saída senão recuperar os instrumentos. José Lopes conseguiu convencer o administrador da insolvência no sentido dos instrumentos nunca saírem do local onde estavam.
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