segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Cem anos bem vividos de José Neto



Quando esta edição sair para as bancas na quinta-feira, 30 de Junho, há festa rija no Lar Soltram - Empreendimentos Sociais e Turísticos do Tramagal, Abrantes. O centro das atenções é José Oliveira Neto que celebra, nesse dia, cem anos. Uma vida recheada de peripécias, relatadas a viva voz uma semana antes, revelando uma memória de fazer inveja. A conversa desenrola-se no primeiro andar da instituição e o centenário sobe as escadas pelo próprio pé, apoiado por uma canadiana.
Sentamo-nos junto a uma mesa onde se destaca uma casinha de bonecas em materiais reciclados que José Neto fez com a ajuda da animadora socio-cultural. É apenas um dos muitos trabalhos que se encontram espalhados pelas várias divisões da instituição e que atestam o jeito natural que tem para os trabalhos manuais. Para além de se entreter a criar, José Oliveira Neto todos os dias lê o jornal e, quando vê que está tempo para isso, dá uma volta a pé pelas redondezas. É, nas palavras de Justino Carraço, coordenador da instituição, “uma pessoa independente, autónoma e que se sabe defender bem”.

José Oliveira Neto nasceu a 30 de Junho de 1911 em casa, no Tramagal. É o irmão do meio de três filhos de um casal humilde. Fez o exame da quarta classe e diz que teve 14 valores. “Era esperto. Ainda hoje o sou” (risos). “Tinha uma caligrafia que ninguém me batia”, conta enfaticamente, com as mãos a desenhar o discurso.
Começou a trabalhar ainda em criança no campo, por conta de um tio. Mais tarde foi para a casa de outro familiar aprender a arranjar bicicletas. Com 14 anos começa a estagiar na Metalúrgica Duarte Ferreira, uma das maiores unidades industriais portuguesas que começou por se dedicar ao fabrico de alfaias agrícolas e que foi prosperando, chegando a dar emprego a cerca de duas mil pessoas. Antes de responder ao que fez nesta empresa, pára e ri-se de tão extensa que é a lista que tem para contar.

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