sexta-feira, 16 de julho de 2010

A guardiã do Templo




Nos últimos anos, mesmo adoentada, chegou a fugir de casa dos filhos em direcção à emblemática capela de Tomar onde passou toda uma vida.


Com 91 anos já feitos, Maria da Luz pouco fala e já tem dificuldade em reconhecer a família. É pela voz embargada da filha, Maria de Lurdes, e do genro, Arménio Silva, que conhecemos a história desta tomarense que dedicou grande parte da sua vida, mais concretamente 56 anos, a cuidar e a zelar pela Capela de Nossa Senhora da Piedade. Inicialmente conhecida como Capela da Senhora do Monte, o templo está erguido num local com vista panorâmica sobre a cidade de Tomar.

Nascida no Carril, freguesia da Junceira, a 16 de Março de 1919, Maria da Luz foi trabalhar para Tomar com 11 anos, como empregada doméstica em casa de Augusto Silveira, homem influente na cidade. Tinha 25 anos quando foi convidada pelo pároco local, por intercessão do seu patrão e padrinho de casamento, para zelar pela capela Nossa Sra. da Piedade. Chegou a ganhar 75 escudos por mês (5 tostões por dia), subsídio que lhe foi retirado em 1962 por decisão do padre David, que guiava os destinos da paróquia à data. A única moeda de troca residia no facto de poder viver, sem pagar renda, numa habitação contígua ao templo. Ali casou e teve os seus três filhos (Aníbal, Henrique e Maria de Lurdes) que, por sua vez, também ali lhe deram alguns dos seus netos.


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