segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Antonieta já tem um computador



O sorriso de Antonieta abriu-se mais ainda desde que, no passado dia 29 de Março, recebeu um computador e equipamento informático perfeitamente adaptado às suas necessidades específicas. A jovem sente-se agora mais ligada ao mundo exterior.


Antonieta Monteiro, a jovem que sofre de esclerose múltipla, doença para a qual ainda não existe cura, e mora na povoação de Hortinha, na freguesia da Junceira, já tem instalado em casa o tão desejado computador com acesso à Internet. Um sonho concretizado com a ajuda da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa da Serra que ficou a conhecer a história desta jovem através das páginas do nosso jornal (trabalho publicado a 29 de Novembro de 2006) e promoveu uma subscrição de fundos com vista à aquisição deste computador, perfeitamente estudado para ser adaptado às necessidades específicas da tomarense. Á onda de solidariedade aderiram, segundo Abel Oliveira, presidente da associação, muitos anónimos, leitores do jornal e emigrantes tomarenses.
“Fiquei tão entusiasmada no dia que vieram cá montar o computador que até fiquei com os músculos do pescoço paralisados”, começou por explicar ao nosso jornal no dia em que a voltamos a visitar em casa dos pais.
“Foi no dia 929 do meu “exílio” que veio cá a D. Lurdes e o Sr. Abel (da Associação Cultural da Serra) e o António (da empresa informática Mega PC) e eu fiquei ali, no canto do meu quarto, a ver a montagem do equipamento”, disse-nos. Nesse dia, uma quinta-feira, não teve oportunidade de mexer no computador porque o entusiasmo provocado pela oferta, e a conversa com as visitas, a cansou em demasiado. Mas no dia seguinte tratou logo de configurar o ecrãn de 21 polegadas ao seu gosto (definindo como fundo a fotografia de duas árvores) e de começar a adaptação à trackball (que substitui o rato) e que está a ser feita lentamente.
Antonieta tem agora muitos sonhos e projectos que quer concretizar. Um deles passa pela escrita e talvez pela publicação dessas crónicas num jornal, textos que pode escrever em casa e enviar através de e-mail, ferramentas que domina na perfeição, não tivesse ela formação superior em informática de gestão.
Com a oferta deste computador – que muito agradece – a jovem fica agora com um encargo mensal de 30 euros por mês, dado ter que pagar a assinatura do serviço de Internet. “Vai-me custar a pagar a Internet, cerca de 30 euros por mês, mas tendo em conta o que já me ofereceram, e que sei que não é nada barato, já foi muito bom”, indicou. “Sei que por vezes podem achar que tenho falta de modéstia mas eu sou mesmo assim. Quero é que fiquem a saber que estou mesmo muito agradecida a todos os que me ajudaram a ter este equipamento”, acentuou. “Espero passar agora a ter mais qualidade de vida. Eu não vou morrer amanhã, nem depois de amanhã, nem daqui a uns anos… pelo que gostava de trabalhar de vez em quando”, disse.
Quando lhe perguntámos se estaria disponível para um dia poder desenvolver aquilo que se chama tele-trabalho, a jovem mostrou-se realista: “A minha especialidade neste momento é o trabalho voluntário…Vou dando um passo de cada vez… neste momento ainda não me posso comprometer e assegurar o cumprimento de um horário de trabalho”.
Para o próximo dia 22 de Abril está agendada a entrega simbólica do equipamento a Antonieta Monteiro, um acontecimento a ter lugar na sede da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa da Serra. Um momento que retrata a felicidade de alguém que, sendo tão jovem e sofrendo de uma doença incurável, conseguiu voltar a ter a capacidade de sonhar, algo que pensava já ter perdido.



Da Hortinha para o mundo
“Sinto que morri para o mundo” era o título da reportagem que “O Templário”, publicou em Novembro do ano passado. Na ocasião, e quando perguntámos à jovem como fazia para preencher o vazio dos seus dias, Antonieta disse-nos que “não fazia nada” uma vez que da Hortinha para o mundo não existia qualquer ligação.
Foi então que indicou que se tivesse um computador convenientemente adaptado às suas dificuldades talvez lhe fosse mais fácil sobreviver à passagem dos dias. “Tenho saudades da informática, de mexer num computador…”, confessou na altura.

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